Eu só tinha um nome: “Soffia” e uma carta que certamente revelaria os segredos que fariam com que toda aquela aventura matutina fizesse sentido. Mas por hora, segurar a sua mão já me parecia o bastante.
- Eu trabalho perto daqui. Lá estaremos seguros e poderemos pensar numa maneira de te ajudar – seja lá no que for.
- Num museu?
Se ela não estivesse tão abalada eu poderia jurar que novamente se referiu ao meu trabalho com um inexpugnável desdém. Confesso que neste momento meu humor negro fez-me pensar na ideia de soltar-lhe a mão e deixar que se perdesse na multidão. É, isso pareceu-me uma opção razoável. Mas por aqueles olhos eu jamais o faria, nem mesmo por brincadeira.
Ali estavam duas coisas que me obcecavam desde os tempos de adolescente: uma mulher bonita e um grande mistério. Os dois juntos então, era tudo que meus entediantes dias precisavam para me fazer sentir vivo novamente.
Após algumas quadras chegamos ao prédio de arquitetura colonial com grandes arcos e pedras expostas, de portões grandes, feitos de barras de ferro tão grossas que mal se podia fechar uma entre as mãos.
- É aqui?
- É.
Eu retirei do bolso da jaqueta um molho de chaves e abri o cadeado que mantinha os portões trancados.
- Ainda não chegou ninguém? – Ela perguntou, observando que até àquela hora o portão ainda estava fechado.
- Hoje é terça e o museu não abre. Eu tenho a chave porque não tenho hora para vir aqui e sempre venho fora de hora. Além do mais não tenho muito que fazer fora daqui. Fora destas velhas paredes eu me sinto meio perdido.

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